sexta-feira, 25 de julho de 2008

Perdendo Pontos

Quando se deve trocar de empresa e buscar um novo desafio profissional?

Encontrei hoje um ex-colega, falavamos da minha saida da empresa e estavamos discutindo quando lembramos a frase dita por um antigo diretor:

“Todos nós iniciamos em uma empresa com 100 pontos e, na medida em que o tempo passa e vamos perdendo estes pontos. Não ganhamos pontos, somente perdemos. Alguns perdem mais rápido, outros mais lentamente, mas invariável em um determinado momento, perderemos todos os nossos seus pontos.”

Esta é a verdade! Dita em poucas palavras - sintético e objetivo.

E é assim que funciona, pois na medida em que vamos tomando decisões dentro da organização, fazendo opções, escolhendo caminhos, fazendo alianças ou colhendo inimizades, nossa conta corrente de credibilidade e confiança vai reduzindo. É um desgaste que vai acontecendo naturalmente, às vezes de forma imperceptível.

E pobre daqueles (seriam os otimistas?) que acreditam que as iniciativas de sucesso somam pontos. Negativo! Iniciativas de sucesso (que podem ser muitas) apenas contribuem para diminuir a velocidade da perda. A verdade, nua e crua é: apenas perdemos pontos.

Dito isto fica mais fácil de entender e aceitar que existe um momento em que é melhor sair da empresa e buscar uma nova oportunidade do que permanecer e lutar até o final das forças( se tiver força para lutar). A decisão (de trocar ou permanecer) leva em conta quanto se está desgastado e quanto é importante lutar para permanecer ( é uma avaliação muito pessoal).

Mas como descobrir quantos pontos se tem? As vezes basta apenas dar uma olhada em volta ou falar uns minutinhos com o seu chefe! Difícil é aceitar uma contabilidade com saldo perto do zero e tomar a decisão definitiva de sair. Posso afirmar pela minha experiência: trocar sempre é uma boa!

Vamos em frente!

sábado, 19 de julho de 2008

E os profissionais de TI?

Uma das grandes dificuldades que tenho enfrentado é a contração de profissionais especializados de TI para as empresas em que eu trabalho.

Não deixa de ser contraditório: em um país com altas taxas de desemprego e com uma necessidade cada vez maior de dar oportunidades, principalmente para os mais jovens: temos vagas mas não conseguimos encontrar as pessoas! E mesmo com a explosão de cursos de todo o tipo ( graduação, especialização, presencial, via web,etc) o grande problema continua sendo a falta de qualificação.

Na verdade, mesmo os profissionais que investiram na sua formação, freqüentaram bons cursos de graduação (e nas melhores universidades) estão com alguma dificuldade de colocação no mercado de trabalho. As empresas tem necessidades de uma determinada formação ( sempre mais especializada) e a academia dá uma visão generalista e sem profundidade. O cara sai de um curso de 4 anos sabendo pouco e não do que realmente o mercado precisa.

Salvam-se aquelas (poucas) organizações que estão investindo constantemente na formação de seu corpo técnicos, que investem no treinamento e que tem um bom programa para retenção. Todas as demais estão tendo o mesmo problema:

- Muito Prazer. Sou a Maria da YXZ Consultoria de Recursos Humanos.

- Prazer. Sou o Guilherme Costa da TI.

- Nós já nos conhecemos? YXZ é uma consultoria que prestou serviços a grandes empresas aqui do sul... Temos muita experiência em recrutamento de TI. Achamos o que vocês precisam.

- Talvez... quem sabe foi da minha empresa anterior..Pois bem: precisamos um profissional de Telecom e Telefonia. Ele basicamente deve conhecer protocolos de rede, gerenciar e configurar roteadores e switchs. Conhecer sistemas operacionais Windows e Linux, equipamentos e softwares de rede. Terá que se relacionar bem com a equipe e também fazer contato com operadoras. Vai estar sobre a coordenação do gerente de infra. Aqui está descrição completa do perfil. Somos uma empresa muito atrativa e praticamos o salário do mercado.O nosso pessoal do RH pode lhe informar a faixa salarial para o cargo e os demais benefícios.


- Mas... (lendo um pouco o perfil e com a cara de dúvida).. Precisa saber tudo isto?Vocês não estão precisando de alguém que conheça Java? Temos um que é uma beleza de pessoa. Saiu da faculdade no ano passado e já fez até pós-graduação.

- Infelizmente não. Não temos desenvolvedores na nossa equipe. Mas temos presa em encontrar um profissional de Telecom. O nosso problema é na infra-estrutura. Estou com muita dificuldade de encontrar este profissional. Não há necessidade de formação acadêmica completa mas tem que ter alguma experiência.

- Infra-estrutura! Há ... Tenho um profissional que trabalhou como terceirizado na Gerdau. Ele também é muito bom...

- O que ele fazia na Gerdau?

- Fazia de tudo! Muito bom... Arrumava os micros... Auxiliava o pessoal a fazer planilha no excel..

- Não. Não precisamos alguém de Service Desk. Como senhora ( tentando ser muito paciente!) pode ver pelo descrição do perfil estamos procurando uma pessoa que tenha conhecimento e experiência em Telecom....Estamos com dificuldades de achar e por isto que estamos contratando uma empresa.

- É... Vai ser muito difícil (completando a leitura de todo o perfil)...Mas seu Guilherme ... isto é quase um Super-Homem...

É dureza! mas...Vamos em frente!

Chama o pessoal da TI!

Tive a feliz experiência este mês de ver concluído dois projetos.

Participei da etapa final de dois projetos que mostram um alto grau de comprometimento com a gestão de Tecnologia da Informação da empresa onde trabalho: O catálogo de serviços de TI e o relatório de avaliação da Maturidade do Cobit.

Resumidamente: o catálogo é um item valioso que nos auxiliará a melhorar a prestação de serviços de TI e vai dar mais clareza do papel exercido pela TI dentro da organização. Já a análise de maturidade do COBIT traça um panorama de como estamos e ajuda a elaborar um plano de ação para as mudanças e melhorias que acharmos conveniente e que poderemos executar no médio e longo prazo.

Mas o que me chamou atenção nestes dois projetos é como a TI evoluiu em relação a metodologia, ferramentas e a processos de governança. Hoje, de maneira geral, a TI está bem a frente na utilização de técnicas de gestão em relação aos demais departamentos da empresa.
Um efeito colateral (indesejável) deste crescimento de TI é de a organização achar que “tudo é de TI”. Algumas pessoas não compreendem os limites de atuação da TI (independente de quanto este seja abrangente e complexo) pois acreditam que a tecnologia pode resolver todos os problemas e que o “pessoal da TI” tem todas as respostas.

É mas ....Cuidado: Tecnologia não é tudo e o pessoal de TI não sabe tudo...
As soluções para empresa não são só TI. Elas dependem de pessoas comprometidas nas áreas de negocio, de processos adequados, de método e de energia. É um grande erro achar que só Tecnologia da Informação é garantia de sucesso para tudo.
Podemos contribuir mas conseguimos fazer o trabalho sozinhos.

E foi ai que lembrei aquela famosa piada que recebi estes dias por email:
“Se mexer, pertence a Biologia.
Se feder, pertence a Química.
Se não funcionar, pertence a Física.
Se ninguém entende, é matemática!
Se não faz muito sentido e é complicado: ai é economia ou psicologia!

Agora: Se não mexe, não fede, não funciona, ninguém entende, não faz sentido e é complicado, com certeza: é da TI!!!”

Então ....Chama os caras da TI!

Vamos em frente!

O ótimo é inimigo do bom e a minha viagem a Floripa.

Toda vez que eu escuto alguém falar que o ótimo é inimigo do bom eu lembro de minha primeira viagem a Florianópolis.

Era 1988, eu tinha um Passat 77 e resolvi que iria conhecer as praias de Floripa! Acontece que o carro ( que já não era nada novo e não estava bem conservado) tinha uma tecnologia antiga e já no inicio da viagem teve problemas em uma válvula do radiador ( diagnóstico posterior do mecânico) que fazia ele aquecer acima do limite normal.

Era cancelar a viagem ou, de tempos em tempos, completar a água do radiador. A decisâo foi ir em frente.Fiz a viagem em 14 horas. Chegamos, curtimos as praias, consertamos a válvula em Floripa e a viagem de retorno foi em 10 horas.

Em relação a comunicação remota da empresa, o ótimo é inimigo do bom(e o ótimo é ótimo!). Buscar a melhor performance é o objetivo. Hoje os limitadores são a tecnologia e o preço ( o que se quer é ter nos locais remotos velocidades idênticas as da rede remota). Em termos de tecnologia, as rede metropolitanas com fibra ótica nas cidades e o WiMax - rede de alta velocidade wireless – para os locais mais distantes, são possibilidade futuras. Em termos de preço, que se observa com o correr do tempo, é uma redução no custo dos bytes transmitidos.

Mas o que se quer, e que nem sempre se pode pagar, é ter a melhor velocidade e performance (uma alternativa é buscar componentes aceleradores de rede).Efetuar upgrade nos links até o limite da capacidade ténica e financeira tem sido a solução. Uma velocidade maior sempre será melhor para quem usa, e a situação atual nunca é suficiente. O bom não é suficiente. Queremos o ótimo.

Alguns anos depois, consegui comprar um carro zero e a viagem inaugural foi novamente a Floripa. Levei 6 horas. O ótimo é ótimo.

* texto escrito em janeiro/2007 - ainda está valendo

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A Familia Wallenda

A historia da Familia Wallenda é pouco conhecida mas extremamente interessante.

Eles formavam uma equipe de circo "Os Wallendas Voadores" e, na primeira metade do seculo passado, ficaram conhecidos pelas acrobacias em locais imprevistos e alturas inimaginaveis sem nenhum tipo de rede de segurança.

"Correr altos riscos e alcançar grandes resultados" - este parecia ser o lema dos Wallendas. O patriarca da familia Karl Wallenda morreu aos 70 anos ao cair de uma altura de 40 metros quando tentava a travessia entre dois predios em Porto Rico. Diz a historia que isto aconteceu porque ele - pela primeira vez - começou a pensar sobre a possibilidade de cair, ao invés de se concentrar no caminhar na corda ele começara a concentrar sua energia em não cair...
Chama-se de "Fator Wallenda" (segundo Warren Bennis em "Management of Self" - fonte apostila FGV) a capacidade que um executivo tem de "concentrar sua energia na busca de sucesso, ao invés de desperdiçá-la tentando evitar o fracasso". para Warren se o empreendedor ou executivo estiver concentrado na busca do verdadeiro resultado, ele é capaz de trabalhar com niveis de riscos muito altos e alcançar resultados relevantes e surprendentes. Há diversos casos na literatura de de executivos, politicos e empreendedores que estiveram "no limite da responsabilidade" correndo risco acima do aceitável.

Em tempos de valorização da Governança Corporativa, algumas organizações tem buscando, através de alçadas, da utilização de normas, processos e auditorias constantes, a redução da autonomia do corpo diretivo das organizações. O objetivo é dar alguma proteção ao corpo de acionistas. Os executivos podem correr risco até o limite da sua alçada. Aventureiros trapecistas não são benvidos nestas empresas.

No entanto ainda existe empresas que valorizam executivos que tem a capacidade de trabalhar em níveis de riscos acima do aceitável desde que possam, em contra-partida, ter resultados excepcionais. Evidentemente que ( faz parte do risco) não existem garantias no alcance do resultado. A vida torna-se mais emocionante e perigosa na medida que a escala se aproxima do vermelho no "riscometro". Viver é uma aventura.

Algumas empresas, apesar de não conhecer o "Fator Wallenda" , por definição dos seus executivos, trabalham no limite do risco em alguns processos de negocio.
Estar no limite é uma estratégia que busca utilizar ao maximo os ativos trazendo ao máximo a produtividade. Correr risco faz parte do negocio.

Mas qual o nivel de risco aceitável? Até onde podemos ir? Qual alçada de cada executivo? Somos trapezistas experientes ou apenas assistimos ao espetáculo?

Vamos em frente.

* texto escrito em out/2005.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Dilemas da Infra de TI

Desde criança sempre fui fascinado pelo futebol.

O futebol é um esporte coletivo que trabalha recursos individuais e de equipe e utiliza estratégias e táticas para alcançar seus objetivos. A eficácia e o sucesso de uma equipe acontece quando ela consegue maximizar o uso e as habilidades de seus componentes em conjunto com uma determinada estratégia utilizando-se das táticas do jogo.

Posso dizer que uma parte disto também acontece em Tecnologia da Informação: a eficácia e o alcance dos objetivos estão diretamente associados a existência e a forma correta de uso dos recursos. A estratégia define os recursos, os objetivos e as táticas que deverão ser usadas.
A definição de uso de uma determinada tecnologia (que cria um ambiente de infra-homogêneo) pode ser uma estratégica, principalmente quando isto estiver relacionado com um ganho efetivo para o negocio da empresa. É claro que a utilização de padrões tecnológicos, apesar de mais trabalhoso, traz uma eficácia maior no médio e longo prazo, acaba tornando-se mais barato, e isto é benéfico para o negocio: a padronização de tecnologia é uma boa tática.

Porém, na maioria das vezes, a estratégia e atender de forma rápida e pragmática as necessidades de negocio e, que nestes casos, nunca estão associadas a um planejamento de longo prazo e na maioria das vezes privilegiam as soluções de custo financeiras mais baixas (bilhete de entrada pequeno) e de rápida implantação (o padrão tecnológico é abandonado e se cria um ambiente heterogêneo de infra). Evidentemente que há um descompasso entre a estratégia imediatista e uma tática mais formatada: benéfica somente no médio e longo prazo (os padrões somente se consolidam após um bom tempo e muito trabalho).

Então o que fazer? Uma das respostas pode ser: adaptar-se as estas necessidades e atendê-las seguindo a estratégia maior da organização (pragmática e rápida).

As outras respostas... bom ... voltamos ao futebol....

nota: texto escrito em 18/10/2002. Continua valendo.

Entâo... é assim que tudo começa!

Resolvi esta semana criar um blog com alguns textos relacionados as atividades que executo em meu trabalho.

Nâo será nada muito diferente dos tantos blogs já existentes por ai.

A ideia é ter um canal para expor algumas ideias, fatos e historias destes 26 anos de TI.

Acho que para começar já esta bom.

Vamos em frente.