quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Minha Historia de TI - Consolidando o Conhecimento - Parte 4 - Fase II

Distribuidora Ipiranga - Downsize Mainframe para HP/RISC

De todas as empresas onde trabalhei, a Ipiranga foi onde me senti melhor acolhido. Além de ser um bom local de trabalho, com um ambiente corporativo saudável e um excelente grupo de pessoas, a empresa tinha uma sede social com piscinas, churrasqueiras e quadras de esportes que propiciava a integração do grupo de funcionários, em todos os níveis da hierarquia,  fora do ambiente normal de trabalho.

É claro que não eram todos os funcionários que aproveitavam estas facilidades ou considerável isto como um diferencial, mas em relação as demais empresas que fui funcionário, a Ipiranga foi a que melhor utilizou-se destes recursos para integrar a família ao ambiente de trabalho do funcionário.

Fiquei  10 anos no grupo Ipiranga e meus filhos cresceram indo quase todo o final de semana na sede do bairro Ponta Grossa em Porto Alegre e no período de ferias veranear na Colonia de Férias da Sameisa na Praia do Cassino em Rio Grande.

E sobre integração um grande destaque: joguei muito futebol e ganhei alguns torneios de futebol da DPPI! É claro que vários deles foram decididos pela habilidade do Gilmar, nosso "grande" centro avante e também pela força e empenho do Plínio ( também conhecido como "cavalo", o cara do meio do campo), mais o Gilnei, o Chamun, o Marroco, o Chico Serpa e  outros tantos que, como eu,suaram a camiseta da Informática e fizeram sua parte também dentro de campo.

Mas voltando a historia.

Após mais de 2 anos de trabalho, as migrações das aplicações para ambiente que foi montado em Porto Alegre esbarraram em um limitador: a capacidade de processamento do IBM 4341.

 Naquela época qualquer upgrade de servidor, no caso um mainframe IBM, era no mínimo um milhão de dolares! A  empresa não estava nenhum um pouco afim de gastar esta grana e continuar refém do fornecedor.

Também surgiam no ambiente corporativo algumas novidades tecnológicas que complicavam ainda mais a decisão de upgrade do mainframe: o crescimento do uso de redes de microcomputadores, o processamento distribuído, os processadores de arquitetura  RISC (Reduced Instruction Set Computer) instalados em uma categoria diferente de servidores de médio porte,etc. E todos com a promessa ( comprovada posteriormente) de um custo total menor do que o dos mainframes.

O maior problema era como utilizar todos os sistemas que já existiam ( e tinham sido construídos e/ou  migrados para o IBM) em uma outra plataforma pois a despesa de migrar tudo novamente não poderia ser maior do que manter a mesma infraestrutura e bancar o custo do upgrade da IBM. 

Naquele projeto aprendi algumas frases que me acompanharam durante toda a minha vida: "quando um problema é muito grande, divida em partes e execute por etapas" e também  " Façamos que nem o Jack, O estripador, e vamos por partes" e ainda " sopa quente se come pelas beiradas".

Optou-se por uma solução de substituição do Hardware por equipamentos de médio porte e preservação de todos os sistemas em Cobol existentes. Os fornecedores escolhidos foram a Medidata que tinha equipamentos da SUN, a Edisa com equipamentos HP e a IBM com a sua plataforma AIX-Risc e  AS400 (outra solução proprietária IBM). A equipe do projeto na DPPI era formada pelo  Jorge, Plinio, Chamun e eu (com o restante da galera dando apoio). As grande metas do projeto: avaliar os equipamentos, identificar o que tinha o melhor custo/beneficio, adquirir e instalar os equipamentos, migrar os sistemas existentes,desativar o IBM e o CPD da Andradas ( projeto com metas muito audaciosas e com grande risco).

Para avaliar os equipamentos e ter algum critério técnico, criamos um conjunto de testes (um programa em COBOL que executava um procedimento de leitura e gravação) em um script em linguagem Shell  do Unix/Hp-UX/AIX que informava ao fim dos processo os tempos de execução.

Neste época conheci o pessoal da EDISA (a Ipiranga já era cliente da Edisa para microcomputadores). Cito em especial neste projeto, o Miguel Galbarino, com quem trabalhei diversas outras vezes e tenho contato até hoje. Foi o Galba quem me auxiliou na execução de todas as atividades de teste dos equipamentos  Risc da HP.

Após idas e vindas, muitas visitas de fornecedor, muitas reuniões e discussões com os fornecedores, muito alinhamento corporativo e estratégico, etc., a decisão foi tomada: foram adquiridos os servidores HP 807 ( para o ambiente de desenvolvimento) e o HP 827( para rodar toda a produção).

Olha o que saiu na revista Nossa Gente - publicação interna do grupo - em abril de 1993.

Matéria da Revista Interna do Grupo Ipiranga - abril 1993

Na reportagem, o Jorge Nitschke destacava que o equipamento reduzia o tempo de processamento em 8x e que  "... os dois sistemas RISC, os 55 terminais e as 2 impressoras foram adquiridas pela DPPI com recursos próprios, sob a forma de locação, com pagamento de 18 parcelas e opção de compra no final. Foi um investimento de US$ 250mil, mas devido a grande redução dos custos operacionais, a Empresa prevê o pagamento em oito meses...".

Sucesso total. Era uma redução muito grande nos custos de locação e de infraestrutura de CPD ( ar-condicionado, espaço físico, piso elevado, energia, etc) e o fim da hegemonia da IBM como fornecedor de solução de processamento de dados para a Ipiranga. Fomos inovadores e a solução adotada pela DPPI  virou Case de Sucesso.

Com a instalação dos HP, não era mais necessário todo o espaço do CPD da Andradas e a equipe de Informática da DPPI  voltou a ser centralizada no prédio da Leonardo Truda.

Mas já havia um outro grande projeto corporativo em andamento: a construção de um novo prédio da empresa no bairro Praia de Belas. Um prédio moderno com 11 andares e com todas as facilities que são necessários para o funcionamento adequado de uma empresa. A Informática da DPPI foi chamada para definição e execução da rede de dados e de telefonia do prédio e o  projeto de rede foi tocado pelo Fabrício com apoio de toda a equipe de suporte ( e os parceiros Interop e Maxwell). Naquela época todo o time de suporte já estava sob a responsabilidade e supervisão do Plínio. A mudança para prédio novo ocorreu no final 1993 e inicio de 1994.

Para a solução de telefonia do Prédio foi escolhida uma central telefônica da SIEMENS. Conheci nesta época outro grande parceiro de trabalho: Rogério Giacomazzi, um agrônomo que tornou-se especialista em telefonia e infraestrutura. O Rogério foi um dos reforços que levei para TELET ( Claro Digital) quando sai da Ipiranga.
   
Prédio Petróleo Ipiranga Porto Alegre - fonte Google


As mudanças e os novos projetos foram acontecendo em sequencia. A implantação de tecnologia Oracle, Banco de Dados e Ferramentas de desenvolvimento ( trabalho feito em conjunto com a DBSERVER  do Eduardo, Mario e Verner); instalação de uma rede de comunicação via satélite para comunicação com as bases de distribuição ( parceria Embratel e HP); renovação dos equipamentos das bases de distribuição com instalação de novos micros, servidores (SCO/UNIX) e impressoras laser (Kyocera); centralização da Central de Pedidos da DPPI em Porto Alegre; implantação das lojas AM/PM e Jetoil, entre outros.

Sai da Ipiranga no dia 23 de novembro de 1998. Estava em andamento a implantação do ERP JDEDWARDS ( posteriormente adquirido pela Oracle). Cheguei a fazer os treinamentos mas não participei da implantação.

 Recebi um convite de uma empresa de Telefonia Celular que estava se instalando em Porto Alegre. O nome da empresa era TELET (eu nunca havia ouvido falar). O fato de ser a empresa que iria implantar a banda B da telefonia no Rio Grande do Sul me chamou atenção. Vou tratar isto no próximo post.

 Guardo com muito carinho a foto da turma abaixo. Foi o ultimo churrasco que participei como funcionário da Ipiranga. Quem se identifica na foto?

Turma da Informática da DPPI em 1998

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Minha Historia de TI - Consolidando o Conhecimento - Parte 4 - Fase I

Distribuidora Ipiranga - Instalando um IBM

Abri os classificados do jornal Zero Hora de um domingo de setembro de 1988 para dar uma olhada nos anúncios de empregos. Um deles me chamou a atenção:era uma posição de Analista de Produção mas que não identificava a empresa. Levei  meu Currículo até a caixa postal informada no anuncio ( pessoal! era 1988,não tínhamos  e-mail e o jeito era ir até o local entregar o CV ou mandar pelo correio).

Fui chamado para uma entrevistas alguns dias depois.

Casado, com dois filhos e morando de aluguel,não sobrava nenhum dinheiro e era obrigatório buscar oportunidades de aumentar a renda ( tinha que garantir o leitinho das crianças). A Olvebra era uma grande empresa mas as chances de eu receber ou novo aumento ou promoção eram poucas. Também corria uma "noticia" da "radio peão" nos corredores da empresa que haveria uma reestruturação no grupo e a uma divisão societária ( que aconteceu realmente algum tempo depois).

Não dava para ficar esperando sentado. Fui a luta!

Após uma entrevista com um argentino da Ipiranga do Rio  (que infelizmente não lembro o nome mas lembro que falava um portunhol difícil de entender) e varias outras com a  Maria Cristina, gerente de RH da Distribuidora, a quem devo muito pela paciência que teve em explicar o que era a Ipiranga e as vantagens que eu teria em trabalhar no grupo, iniciei na Isapar - Petroleo Ipiranga Participações S.A. no dia 01 de novembro de 1988.

A Ipiranga foi a empresa que fez a diferença na minha formação e foi onde, apesar de não ter conseguido chegar a um cargo de gestão, eu mais cresci profissionalmente. Também foi onde conheci um grande conjunto de profissionais de TI que colaboram muito para meu amadurecimento e consolidação de minha carreira na área.

Mas vamos por partes porque a historia é longa.

A minha ida para Ipiranga foi para compor um time que iria instalar e operar equipamentos de um novo CPD para executar o processamento de todas as empresas do grupo no sul do pais. As empresas que seriam impactadas com a mudança e atendidas pelo novo CPD eram DPPI ( Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga), Fertisul ( empresa de fertilizantes do grupo), Comercial Farroupilha ( rede de postos da bandeira Ipiranga),SAMEISA ( empresa de assistência e saúde do grupo), Rede de Hoteis Charrua e Refinaria Ipiranga. Sendo que a Fertisul, em seu CPD em Rio Grande, centralizava e processava a Refinaria, Sameisa e Hoteis Charrua e a DPPI, em Porto Alegre,além do processamento da Distribuidora, fazia o da Comercial Farroupilha. Ambas estavam estruturadas e usavam equipamentos de médio porte da COBRA Computadores.

O modelo adotado no novo CPD seria o mesmo  utilizado pela CBPI (Compania Brasileira de Petroleo Ipiranga): mainframe IBM. Para isto foi locado meio andar de um prédio novo na esquina de Rua dos Andradas e Caldas Junior ( hoje é o shopping Rua da Praia) e montada toda a estrutura para receber um IBM 4341.

 Minha função era de Analista de produção. Contou para a minha contratação a experiencia em operação, preparação e programação de produção com mainframe, conhecimento de sistema operacional DOS/VSE e VM, CICS, JCL e linguagem REX ( era o que estava no currículo!).

O projeto levou algum tempo para tomar corpo. O desafio de migração de todas as estruturas tinha questões de politica corporativa importantes e era necessário vencer algumas barreiras que não eram tecnologicas.

Lembro de algumas pessoas que conheci e/ou iniciaram na Ipiranga na mesma época:

- Plínio Figueiredo: era o responsável aqui em Porto Alegre pela condução do projeto de construção do CPD. Vinha com a experiencia e conhecia a estrutura da CBPI e era o facilitador do projeto. O Plinio foi um dos profissionais que mais me influencio e uma das figuras mais importantes na minha carreira. Fizemos vários projetos na Ipiranga e o mais importante foi o de instalação do equipamentos da HP ( vou falar especificamente deste mais a frente). Hoje é diretor de TI na empresa que comprou a parte de Distribuição do Grupo Ipiranga.

- Jorge Nitschke: na época da minha contratação era o gerente da DPPI. Também teve um papel muito importante na minha carreira, foi fundamental no gerenciamento, negociação e condução da equipe na execução de todos os projetos da Ipiranga. Hoje é diretor de TI de um grande grupo calçadista.

- Gilmar Afrausino: foi contratado junto comigo e era o programador de produção. O Gilmar, comprometido, bonachão e boa gente, foi meu colega mais próximo, me acompanhou durante toda minha passagem pela Ipiranga e principalmente nesta fase IBM,  fez grande diferença na implantação dos serviços do novo CPD.

- Carlos Rocha: conhecido como Rochinha, era um operador de IBM sênior e especialista neste assunto ( conheci o Rocha quando ainda trabalhava na Habitasul). Grande pessoa: tenho contato com o Rocha até hoje.

- Roberto Padilha: também operador, excelente pessoa e profissional que também mantenho contato.

- José Neves: era o responsável pela operação do Cobra da DPPI. Após a migração foi incorporado a equipe do CPD IBM. Trabalhou comigo também na Telet ( Claro). O JNeves virou celebridade após adotar o Café Compartilhado nas ruas de SP que foi amplamente divulgado no programa do Faro da Rede Record.

- Cláudio Chamun: era o responsável pelo desenvolvimento na DPPI e especialista em COBOL. Grande figura. Perdi o contato mas sei que ainda está trabalhando na área.

- Francisco Serpa: trabalhava no desenvolvimento da Comercial Farroupilha. Outro colega gente fina que teve uma excelente trajetória profissional. Tenho contato até hoje.

- Fabrício Beltrami: grande cara, parceiro de diversos projetos, com quem tive oportunidade de trabalhar. O Fabrício iniciou sua carreira como estagiário na Ipiranga ainda na estrutura IBM. Como é uma pessoa fora da curva teve um crescimento profissional rápido na empresa ( fomos analistas de suporte na mesma época). Hoje é executivo de TI de uma grande empresa de Varejo do Rio Grande do Sul e continuamos mantendo o contato.

Além destes acima: Seu Horácio, que foi gerente do CPD da Andradas; Vitor Hugo, que foi o meu supervisor; Macedo, analista da Telecom da Fertisul que trabalhava com o Plinio; Gerson do desenvolvimento da Fertisul e tantos outros que infelizmente não lembro o nome para citar agora.

A historia do IBM no CPD da Andradas foi até inicio de 1993 mas a minha historia na Ipiranga estava apenas começando.

No próximo Post vou falar da minha participação nos grandes projetos da DPPI na década de 90:

  •  Downgrade da estrutura do IBM 4341 para o HP-RISC;
  • Automação das bases de distribuição com computadores HP/Edisa;
  • Novo prédio da Petróleo Ipiranga na Praia de Belas;
  • Implantação de uma nova Central de Atendimento para os pedidos dos postos Ipiranga.

 Aguardem!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Minha Historia em TI - Parte 3 - O aprendizado

Grupo Olvebra

Entrei na Olvebra Industria e Comercio de Óleos e Vegetais em 05 de novembro de 1984 como operador de computador Junior.

A Habitasul estava passando por um processo sério de falta de recursos  devido a crise financeira, uma possível união com o Banco Sulbrasileiro foi anunciada( o Sulbrasileiro possui uma área de Processamento de Dados forte = a Medidata), quando surgiu a oportunidade de trabalho, não tive duvida de mandar meu Currículo. 

A Olvebra Industrial fazia parte de um grande grupo de empresas( Companhia Riograndense de Adubos, EMBRASA, FITESA entre outras nas mais diversas áreas) e também buscava modernizar seu CPD adquirindo novos equipamentos.

Lembro ter sido entrevistado pelo chefe de operação, o Fonseca ( não tive mais contato com ele após minha saída da Olvebra) e pelo Renato Almada, gerente do Suporte Técnico ( que também perdi o contato mas soube que teve passagem como gerente de TI por outras empresas, entre elas a DIMED). 

O que contou muito na minha contratação era  ter experiencia de  operação de computador IBM 4381!
 Quando inicie o CPD da Olvebra era em um galpão na Rua Santos Dumond no bairro Floresta e,após mais ou menos  um ano, foi transferido para a rua Dr. Flores no centro da cidade.O engraçado na historia é que a Olvebra não tinha equipamento IBM e a minha experiencia ( que nem era tão grande assim)  não serviria para nada. Tive que aprender a operar um UNIVAC 9030 que era o mainframe utilizado para todo o processamento de dados do grupo.

A atualização tecnologia e a troca de fornecedor de equipamento levou bastante tempo para acontecer. A esperada mudança para  IBM teve várias etapas, muitas idas e vindas, inclusive com instalação provisória de um outro mainframe Burroughs ( A UNIVAC havia sido comprada pela Borroughs),  e finalmente foi realizada durante o ano de 1986.

Fiquei 4 anos na Olvebra e fui promovido  2 vezes, a primeira para operador de computador sênior e a segunda para programador de produção ( scheduller).  A responsabilidade do scheduller era a preparação e o acompanhamento das rotinas e dos jobs e considero que esta foi a minha primeira atividade de organização e  de gestão ( pois havia uma responsabilidade sobre o resultado do trabalho, solução de problemas, o controle e o comando informal da equipe). Acho que esta experiencia definiu minha opção pela Administração e não a uma continuidade de carreira técnica (sistemas ou suporte).

Reforço que naqueles tempos, apesar de o processamento de dados já estar consolidado como atividade importante nas empresas ( com algumas discussões calorosas sobre os custos da TI  permanecer por muito tempo até o entendimento da capacidade e do valor na automação dos processos), ainda se trabalhava de forma empírica e o conhecimento que era construído era especifico para cada organização (no Brasil somente na década de 90 iniciou-se a adoção de metodologias e de boas práticas). 
A mudança, padronização e melhoria dos processos dependia de um esforço muito grande da empresa e era muito difícil de ser vendido e adotado. Mas eu achei que o caminho era este.

Conheci muitas colegas na Olvebra que mantenho contato até hoje. Destaco o Guilherme Lessa, grande parceiro de TI que muitos anos depois foi meu diretor no Banco Matone; Gilberto Lanser  que continua na área e hoje trabalha na Oracle; Magda Targa que foi CIO da Unimed durante muito anos e hoje é professora. E outros que não sei por onde andam: Cassio, Guido, Fonseca, Loreto ( trabalhou comigo na Habitasul e na Olvebra), Gilnei,Ronald ( trabalha na ACECOTI) e por ai vai...

A saída da Olvebra foi em 21 de outubro de 1988 e o Grupo Ipiranga, como Analista de Produção, foi meu novo desafio.

Querem saber como foi? Aguardem meu o próximo post!

Univac 9030 - fonte Google


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Minha Historia em TI - Parte 2 - O aprendizado

O Grupo Habitasul

O trabalho nas madrugadas, como tudo na vida, tem coisas boas e coisas ruins: de positivo posso destacar que o  aprendizado é rápido e facilitado pelo contato com profissionais especialistas, mais experientes, que optaram por trabalhar neste horário ( e conheci vários que gostavam do trabalho noturno e em especial na madrugada).
O ponto negativo, e muito forte no meu caso, é o desgaste físico. Eu nunca consegui me adaptar as atividades da madrugada (quando era mais jovem passava o dia inteiro com sono) e mesmo em situações eventuais posteriores, viradas em sistemas e manutenções de equipamentos que obrigatoriamente eram feitos a noite, sempre sofri um desgaste muito grande.Meu ciclo produtivo é durante o dia.

E este foi um dos motivos que busquei, após um ano de SERPRO, uma oportunidade como operador de computador no Grupo Habitasul. Iniciei as atividades no grupo financeiro em 25 de abril de 1983 e para diminuir o risco de minha saída, fiquei trabalhando em ambos ( SERPRO nas madrugada e HABITASUL a tarde) por quase 3 meses.

Na década de 80, o grupo Habitasul, era uma instituição financeira muito forte com atuação em vários segmentos ( Hotéis, Construção Civil, Poupança, Banco, fazendas, etc.) e em plena reestruturação na sua área de processamento de dados. Foram feitas várias contratações para o desenvolvimento de sistemas e também para operação e produção. A empresa investiu em infraestrutura com a construção de um novo CPD para suportar a instalação de um mainframe IBM 4381 ( era o equipamento top da IBM em 1983).

Como operador de computador Junior, uma promoção em relação ao SERPRO, fazia parte de um grupo que era responsável pela Operação e Produção do turno da noite e minha função na equipe  era... operar as unidades de fitas e as impressoras! 
Lembro de ter passado vários finais de semana imprimindo o "listão" da poupança Habitasul para envio de listagens atualizadas para as agencias do Grupo.

As lembranças mais presentes daquele período são das pessoas que conheci no trabalho  e com quem aprendi muito sobre TI e também sobre outros temas. Alguns destes profissionais mantenho contato até hoje.
 
Na Habitasul conheci Leandro Lara, velho amigo e grande profissional  que migrou para o Canada e que, como eu, ainda trabalha na área; Carlos Rocha, operador de computador especialista e convicto, com quem tive a oportunidade de trabalhar também no Grupo Ipiranga e hoje está aposentado; Rogerio Xavier, gerente da operação que me contratou na Habitasul e que ainda atua na área.
 
Alguns como Sergio Loretto ( trabalhou comigo também na Olvebra), Renato Cafruni, Osorio ( não lembro o primeiro nome) , Tinga ( lembro apenas do apelido do meu supervisor de turno que era muito gente fina), Vladimir e tantos outros que não recordo os nomes e que perderam-se pela estrada da vida.
 
Sai da Habitasul em 05 de fevereiro de 1985 (na época o Grupo passava por uma crise financeira devido a quebradeira de diversos bancos no Rio Grande do Sul) e fui trabalhar no Grupo Olvebra.
 
Mas isto é  assunto para o meu próximo post.


IBM 4381- fonte Google


Console IBM - fonte Google


Francisco e o vovô Guilherme

Uma das melhores experiencias que tive na vida foi ser pai.

A paternidade mudou a minha a forma de encarrar e de ver a vida.

Acho que esta mudança deve ( ou deveria)  acontecer com todos  pois , querendo ou não,  a partir do nascimento de um filho, é necessário estabelecer novos objetivos e mudar as prioridades pessoais e do casal. O futuro daquela criança depende de vocês (pai e mãe)  e tudo que se faz é pensando na criação, educação e evolução do filho. É um grande desafio e a criação do Athos e da Juliana foi assim.

Mas a roda do tempo é rápida e os filhos crescem em uma velocidade que não se imagina.Quando se vê, estão grandes, entram na faculdade, estão graduados, vão trabalhar, se casam e... tem filhos!

E ai está o Francisco, um meninão lindo, filho da Juliana e do Eugênio.

Ter um neto, além da beleza de se ter uma criança na família depois de muito tempo, tem o aspecto natural da continuidade da existência: o neto é um pouco do seu DNA que vou continuar por aqui depois de você ir para outras esferas.

E agora sou
o vovô Guilherme, o avô do Francisco!

Ser a avô também é uma experiencia maravilhosa! Muito bom!


Chico e o Vô Guilherme










sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Minha Historia em TI - Parte I - O aprendizado

Porque estou escrevendo sobre isto
  
E de repente... me vejo como um velho senhor: as pessoas na empresa, inclusive meus diretores, me chamam de " Seu Guilherme".

 Bastou olhar em volta para perceber que todos com quem trabalho são mais novos do que eu e que alguns nem eram nascidos quando comecei a minha historia profissional.

Para coroar tudo isto (acho que coroar é o verbo mais correto) e comprovar que o tempo realmente passou, o maior numero de curtidas na minha timeline do Facebook é  em fotos com o Francisco,o meu neto!

Hoje sou mais conhecido como avô do Chico!

Então... Resolvi escrever como tudo isto começou!Escrever sobre a trajetória e os desafios para chegar até aqui.

Foram 11 empresas ( todas gauchas) e quase 35 anos de  trabalho e todos estes anos em Tecnologia da Informação.

Vamos lá:

Escolhi trabalhar em Processamento de Dados ainda quando estava prestando serviço militar e mesmo já cursando uma faculdade ( entrei em Educação Física na UFRGS, minha segunda opção no vestibular de 1979), comecei a procurar oportunidades e fazer cursos  para entrar na área. 

O mercado de PD naquela época era pequeno e bem difícil. Apesar de haver poucos profissionais, contava-se nos dedos as  empresas que davam oportunidade para pessoas sem experiencia.Não haviam cursos de formação como hoje em dia e a chance que se tinha era de entrar em uma empresa e lá aprender.

Fiz vários testes e concursos para entrar em cursos preparatórios do Banco Meridional, Procergs, Banrisul e SERPRO.

Enquanto não conseguia emprego na área, fazia estagio como recreacionista na prefeitura de Porto Alegre. Também tive uma passagem rápida como Fiscal de Caixa no Supermercado Zaffari. Afinal, tinha que pagar as contas e sustentar a família.

A data oficial, o inicio de tudo, é 27/04/1982, quando foi feito o primeiro registro em Carteira de trabalho em uma atividade relacionada a área. Era meu inicio como Auxiliar de Operação no Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro de Porto Alegre, após 3 meses de curso com provas eliminatórias em cada etapa. O curso Iniciou com 100 candidatos e foram selecionados 3 para preencher as vagas. Eu fui o segundo colocado.

Entrei no turno da madruga ( da meia-noite as 6 da manhã) onde a principal missão ( deste turno) era o processamento do Conta Corrente da Caixa Econômica Federal.  O  SERPRO usava mainframe IBM ( eu não sabia mas isto definitivamente iria mudar a minha vida).

O auxiliar de Operação passava a madrugada toda carregando caixas de formulários e fitas de computadores para os operadores mais graduados e mais experientes executarem os Jobs(tarefas/processos) e emitirem os relatórios e atualizações das posições do Sistema da Caixa.
 Naquela época todo o processamento era batch ( em lotes) e havia um batalhão de digitadores ( uma sala com mais de 50 pessoas) e um grupo de operadores ( eram 9 ou 11 na sala de operação) para executar este trabalho.

Precisava mais músculos que cérebro para ser auxiliar de operação, mas era a primeira oportunidade real de trabalho em Processamento de Dados  depois de várias tentativas sem sucesso em concursos e cursos preparatórios.

 Eu realmente fiquei muito feliz com aquela conquista e resolvi me dedicar e aprender tudo que fosse necessário para ser um dos operadores de console do Mainframe IBM ( era o meu sonho profissional da época). Trabalhei no Serpro até o dia 13 de julho de 1983.

E então... surge uma outra oportunidade ( salario e turno de trabalho melhores): o Grupo Habitasul!
Sala de Operação IBM 4341 - fonte Google

 Mas Isto é assunto para  próximo post!


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Dez dicas que podem garantir o sucesso na Gestão e no Suporte de TI



Minhas 10 dicas para Suporte de TI

Acho que depois de 35 anos fazendo suporte de TI, me sinto com autoridade para escrever o que segue.

 Este texto, um conjunto de dicas, foi escrito ( e reescrito) aos poucos. Não há nada excepcional ou inovador: são apenas dicas ( algumas muito obvias mas que precisam ser escritas) que podem ser usadas ( ou não) por quem tem a missão de manter Infra e  prestar suporte de TI.


 1 – Tenha uma boa estrutura de Service Desk ( central de Serviços):
 Ter uma boa forma de entrada de demandas e tratá-las de forma correta é metade do caminho para o sucesso. A TI é uma prestadora de serviço e uma boa estrutura de service desk (central de serviços de TI) significa  um canal de comunicação adequado para atendimentos aos  seus clientes.

2 – Trabalhe Governança, Metodologia e Indicadores:
 Vai longe o tempo onde o suporte de Ti era feito de maneira empírica, sem um método definido e por alguns funcionários que sabiam mexer em computadores  que aprenderam sabe-se lá onde. Prestar suporte de TI  significa utilizar metodologias e ferramentas adequadas com uma equipe treinada e preparada para isto. Apoiar-se na Governança de TI,metodologias PMI, Cobit e  ITIL  e ser um apaixonado por indicadores  ajuda a aproximar do sucesso.

3 – Dimensione corretamente o tamanho da equipe e a estrutura tecnológica:
 O desafio sempre será adequar os recursos disponíveis as necessidades das áreas de negócio. O serviço de TI tem uma característica variável muito difícil de ser gerida. Basta se ter qualquer mudança (programada ou não) no ambiente tecnológico ou de negócio  para o aumento da  fila de chamados, a demora no atendimento e o tempo de resposta inaceitável. Um bom planejamento(metodologia), uma estrutura flexível e decisões rápidas reduzem os impactos. E lembre-se: apesar de isto nunca ser encarado de forma positiva pelas organizações, sempre é necessário algum tipo de contingência e de recurso livre para a manobra.

4 – Valorize a  equipe, dê autonomia, dê  responsabilidade e cobre resultados:
 Fica decretado o fim do técnico  “super homem” que sabe tudo e centraliza todas as ações e o conhecimento do ambiente. Trabalhar em equipe, dar autonomia e responsabilidade para os funcionários é o que cria o ambiente adequado para a gestão. O gerente deve agir como referencia, orientando e facilitando o trabalho. Para que isto tudo funcione ele deve treinar as pessoas e incentivá-las ao auto-desenvolvimento.  E isto,  de maneira nenhuma, significa não ter o controle sobre o que está sendo realizado pela equipe. Fazer reuniões periódicas, cobrar resultados e criar mecanismos de acompanhamento do trabalho (indicadores individuais) que está sendo feito por cada um dos componentes da equipe é o caminho. Valorizar as conquistas é fundamental.

5 – Busque apoio de parceiros e especialistas:
Pela complexidade que o ambiente de TI foi adquirindo durante o passar do tempo ficou impossível conhecer profundamente todas as tecnologias que estão instaladas e necessitam de suporte. A regra para isto é simples: faça bons contratos, cultive os relacionamentos e tenha sempre o apoio de parceiros e especialistas.

6 – Defina políticas, padrões e as Tecnologias que serão usadas:
Não abra mão de definir as políticas de uso de ferramentas de TI. Crie regras e busque o apoio para que a organização (diretoria)  seja rigorosa no cumprimento delas. Use o mesmo rigor nas definições de padrões e de tecnologias que serão usadas pelo negocio. Mas cuidado:  não deixe que as regras,políticas, padrões e tecnologia adotadas torne a organização tão engessada que ela não consiga cumprir com os seus objetivos. O pior que uma infra-estrutura de TI  heterogênea, com problemas e difícil de administrar é uma TI que não dá resposta rápida as necessidades de negócio. 

7 – Defina claramente o que você faz e principalmente o que você não faz:
Isto é de ouro: deixe explicito as suas responsabilidades e o nível de serviço que você pretende prestar a organização. Mas, principalmente, diga o que a TI não faz. Existe uma tendência em todas as empresas de encaminharem tudo que é complexo e tem algum tipo de tecnologia para ser tratado pela infra de TI ( desde o micro particular do diretor até aquela câmera digital que o pessoal do Marketing não sabe usar). Uma boa ferramenta para registrar o que a TI faz é o Catálogo de Serviços e nele também  devem ser formalizados os acordos de nível de serviço (SLA)  com a áreas de negócio. A propósito: não há nada de errado em assumir novas responsabilidades, o errado é assumir sem ter a  condição de atender com qualidade.

8 – Separe a agenda de  Gestão de Projetos da operação do dia-dia:
É um erro muito grande acreditar que o técnico que está atolado atendendo chamados e dando suporte o dia todo pode “tocar”  também um projeto de troca dos servidores. O problema é de agenda: quem gerencia um projeto (todos sabem a diferença entre “tocar” e gerenciar um projeto?) precisa de tempo para as atividades de planejamento e organização e ninguém consegue fazer isto atendendo os chamados e resolvendo problemas urgentes. Gestão de projetos é assunto sério, tem metodologia e deve ser feito de maneira correta. Tem que se dar paz e tempo para o gerente de projeto.

9 – Administre os conflitos:
Definir claramente o que está acontecendo em uma determina situação e agir de forma flexível sem fugir as políticas e princípios que foram acordados e devem ser seguido: este é o seu maior desafio no relacionamento com a empresa e seus pares. A única coisa certa é que você estará o tempo todo administrando os conflitos de interesse entre a TI, seu fornecedor, seu cliente, seu funcionário e sua empresa. E deve aprender a lidar muito bem com isto tudo. Negociar sempre. O  Equilíbrio é a regra.  

10 – Trabalhe com Planejamento e Orçamento:
Apresente seu Plano de Trabalho e negocie seu orçamento. A lógica de fazer sempre mais com menos (tão presente em todas as empresas) não é compatível com necessidade de altos níveis de serviço, operação  24x7 e alta qualidade de atendimento. Se for apresentado um plano de trabalho e aprovado um orçamento, muito provavelmente, você terá condição de atender o que está sendo solicitado. Atenção: em TI são poucas as coisas que são realizadas sem orçamento.

Observação final: O ITIL traz a base teórica para execução da grande maioria das dicas acima. Busque conhecer a metodologia e faça um bom uso. 

Pensem nisto e Boa sorte!