quarta-feira, 16 de julho de 2008

A Familia Wallenda

A historia da Familia Wallenda é pouco conhecida mas extremamente interessante.

Eles formavam uma equipe de circo "Os Wallendas Voadores" e, na primeira metade do seculo passado, ficaram conhecidos pelas acrobacias em locais imprevistos e alturas inimaginaveis sem nenhum tipo de rede de segurança.

"Correr altos riscos e alcançar grandes resultados" - este parecia ser o lema dos Wallendas. O patriarca da familia Karl Wallenda morreu aos 70 anos ao cair de uma altura de 40 metros quando tentava a travessia entre dois predios em Porto Rico. Diz a historia que isto aconteceu porque ele - pela primeira vez - começou a pensar sobre a possibilidade de cair, ao invés de se concentrar no caminhar na corda ele começara a concentrar sua energia em não cair...
Chama-se de "Fator Wallenda" (segundo Warren Bennis em "Management of Self" - fonte apostila FGV) a capacidade que um executivo tem de "concentrar sua energia na busca de sucesso, ao invés de desperdiçá-la tentando evitar o fracasso". para Warren se o empreendedor ou executivo estiver concentrado na busca do verdadeiro resultado, ele é capaz de trabalhar com niveis de riscos muito altos e alcançar resultados relevantes e surprendentes. Há diversos casos na literatura de de executivos, politicos e empreendedores que estiveram "no limite da responsabilidade" correndo risco acima do aceitável.

Em tempos de valorização da Governança Corporativa, algumas organizações tem buscando, através de alçadas, da utilização de normas, processos e auditorias constantes, a redução da autonomia do corpo diretivo das organizações. O objetivo é dar alguma proteção ao corpo de acionistas. Os executivos podem correr risco até o limite da sua alçada. Aventureiros trapecistas não são benvidos nestas empresas.

No entanto ainda existe empresas que valorizam executivos que tem a capacidade de trabalhar em níveis de riscos acima do aceitável desde que possam, em contra-partida, ter resultados excepcionais. Evidentemente que ( faz parte do risco) não existem garantias no alcance do resultado. A vida torna-se mais emocionante e perigosa na medida que a escala se aproxima do vermelho no "riscometro". Viver é uma aventura.

Algumas empresas, apesar de não conhecer o "Fator Wallenda" , por definição dos seus executivos, trabalham no limite do risco em alguns processos de negocio.
Estar no limite é uma estratégia que busca utilizar ao maximo os ativos trazendo ao máximo a produtividade. Correr risco faz parte do negocio.

Mas qual o nivel de risco aceitável? Até onde podemos ir? Qual alçada de cada executivo? Somos trapezistas experientes ou apenas assistimos ao espetáculo?

Vamos em frente.

* texto escrito em out/2005.

Um comentário:

Anibal disse...

Caro Guilherme,

Nos últimos tempos, eu que sou um "jurássico" como você, tenho vivido em organizações que se importantam muito mais com o controle e a governança do que com o seu negócio. Eu entendo que tudo isso é fruto dos casos Enron e tantos outros que roubaram o dinheiro e as esperanças de pobres investidores, mas na no desejo de proteger as organizações, os legisladores acabaram matando o paciente.

Desde a chegada do SOX e outras regras de proteção e controle, a criatividade simplesmente desapareceu das organizações e o resultado é que muitas delas, verdadeiras gigantes, estão morrendo sufocadas pelo processo.
Eu não sei qual é a fórmula, qual o equilíbrio entre o caminhar no trapézio ou no chão, mas certamente não se chega ao céu sem deixar o chão.

Eu sou um daqueles "das antigas", prefiro o trapézio.... mas não dispenso arede de segurança.

Abraços